Sonho Interdito Poem by Ernesto Rodrigues

Sonho Interdito

És amor
como a inocência de um mistério
moves os lábios
os teus lábios de esperança

Entoas a volúpia
a luz do teu corpo
o fogo das palavras
cada uma das palavras
que não conseguimos dizer

O vazio da despedida
jorra o sangue da despedida
os passos que envelhecem
os teus cabelos hesitantes
as tuas sombras de outono
sonhos de fogo, mar e música

A transparência dos sentidos
as colinas do teu desejo
o grande rio da noite
o louco charme das noites...
a memória das distâncias
a curva do tempo no oceano

A loucura cumpre a promessa
som vazio, estéril e seco
rumor inalterável perplexo
a forçar a ausência dos pássaros
ou eco para lá das montanhas

Enleado no teu corpo avisto
sem destino, só e a imaginar
invento estrelas ingénuas
flores idênticas a corações
penetrantes e de luz espontânea

Cerro as pálpebras da derradeira noite
irrompo ao acaso do fundo da solidão
fito as mãos silenciosas
e bato à porta dos dias desejados

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